O mestre, continuava em sua postura meditativa, acompanhando os passos, ou melhor, a corrida de seu jovem discípulo, fugindo do faminto leão.
Assim que o jovem demonstrou os primeiros sinais de cansaço, o mestre, com sua desenvolvida capacidade de interagir com a consciência de todas as coisas, desviou a atenção do leão para um animal que passava por perto, e que pareceu ser uma refeição muito mais interessante.
O leão parou imediatamente, mudou de direção e partiu.
O jovem rapaz, ainda aterrorizado, e sem fôlego, voltou ao encontro do mestre.
Sentou-se novamente em frente ao mestre, em postura meditativa também.
Não fez um único pronunciamento, fechou seus olhos, e quando tentava buscar sua paz interna para voltar a meditar, ouviu a voz de seu mestre: “Por onde andou meu jovem?”
O rapaz, surpreso com a pergunta, pois não acreditava que seu mestre se quer tivesse sentido a presença do leão, respondeu: “Corri né, fugindo do leão que desejava me devorar. Quase fui morto, o mestre não viu nada?”
“E que lição tirou deste desafio à vida?”, perguntou o mestre.
De cabeça baixa agora, o discípulo refletia sobre a questão, com certa vergonha por não ter ainda encontrado a lição deste desafio, só oque lhe vinha à mente era o medo que sentiu de ser devorado. ‘Mas esta não poderia ser a lição’, pensava ele.
E continuou em silêncio por alguns instantes, refletindo, até que se sentiu iluminado, e disse: “Mestre amado, a lição que aprendi é que foi muito mais difícil este pequeno trecho desgastante, que percorri tomado de intenso medo e usando de todas as minhas forças físicas para fugir do leão, do que todos os dias de esforços que dediquei à pratica da meditação em sua companhia. Me cansei muito e quase morri.”
Sorrindo o mestre respondeu: “Então, medite mais um pouco!”
Moral da estória II: examine cuidadosamente os caminhos que escolhe ao longo da vida.
Os que aparentam ser mais fáceis e lógicos, podem trazer ainda mais dor e sofrimento.
NAMASTÊ!